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Shrek Para Sempre

julho 15, 2010
Nunca mais? 

Novo filme sobre a mesma história, Shrek Para Sempre tem o mérito das gags inteligentes e de homenagear a menina dos olhos da Dream Works

NOTA: 8,5

Ainda me lembro com perfeição do frenesi em torno da Dream Works quando o estúdio lançou o primeiro filme de Shrek, em 2001. O ogro verde encarnava o anti-herói literário que, por mais egoísta que fosse, lutava por alguma coisa – a salvação de seu precioso pântano. Arrogante, Shrek não tinha amigos até conhecer por acaso o falante Burro. Juntos, eles se meteram na enrascada de salvar uma princesa que estava presa em um castelo guardado por um dragão.

Ninguém esperava, contudo, que a moça a ser salva era vítima de um feitiço e era também uma ogra, e muito menos que o dragão perigoso era uma fêmea solitária e carente. Esperávamos ainda menos um filme irônico, recheado de piadinhas explícitas sobre o mundo de contos-de-fadas e que tinha como protagonistas dois ogros nojentos e rudes. Pois foi assim que Shrek conquistou o público adulto: fazendo piadas com os sonhos infantis.

O filme que se seguiu era na mesma linha, e apresentava um personagem carismático: o tal Gato de Botas, que conquistou – esse sim – a todos com os grandes olhos pidões. O velho ditado já dizia que “um é pouco, dois é bom e três é demais”. O terceiro filme já soava como um capítulo a mais da história que não tinha necessidade de ser contado. Já sabíamos da vida do ogro tudo que precisávamos.

Após uma franquia relativamente bem-sucedida, o público de Shrek migrou de adultos para crianças (não intencionalmente, creio) e precisava de um desfecho. Sim, eu sei que Shrek Para Sempre não é o último e definitivo filme da série, mas foi assim que me pareceu. Com tom melancólico e saudosista do começo ao fim, o longa começa retratando a vida feliz de um quase ex-ogro – já que Shrek saiu do status de ser temido para o de celebridade. No pântano em que vive com Fiona e seus três filhotes, ele aparentemente leva uma vida feliz.

Mas, como todo ser humano macho (ok, ele é um ogro, mas a regra se aplica), Shrek começa a ver sua tão amada solidão escorrendo pelo ralo quando tem que se dedicar 100% à vida de casado e aos filhos. Enquanto isso, o trambiqueiro Rumpelstiltiskin (ou só Rumpel, ou só Stilskin) vive de fazer acordos que sejam benéficos para ele e muito desvantajosos para os outros. Foi de responsabilidade dele, inclusive, prender Fiona no castelo. O que Rumpel não contava era que Shrek iria aparecer para salvá-la.

Neste imbróglio e desejando escapar do mundo rotineiro o mais rápido possível, Shrek faz um acordo com Rumpel, que lhe dá a chance de ter um dia só para ele, em troca de um dia qualquer de sua vida. Rumpel, muito espertinho, escolhe o dia do nascimento do herói.

Chega a ser irritante como o filme pode ser previsível. É claro que o acordo não dá certo e Shrek se encontra em uma posição muito difícil: ele é jogado para uma vida paralela na qual nunca conheceu o Burro ou salvou Fiona. Sozinho no mundo, ele só percebe o erro clássico do “perder para valorizar” quando vê que terá que reconquistar todos os seus amigos e o amor de sua vida.

Muito mais realista graficamente do que os anteriores – reparem na textura das peles e dos tecidos -, Shrek Para Sempre usa da mesmíssima fórmula que consagrou os dois primeiros longas: piadas pontuais que não foram feitas para crianças entenderem (como a do Rei Midas ou o acampamento das bruxas como se fossem ciganas), personagens carismáticos (ainda que os mesmos) e roteiro bem construído – ainda que previsível, repito. E é exatamente por isso que o filme funciona.

A história é praticamente a mesma, só que dentro de outra história. Shrek deve convencer o Burro e o Gato de que é o amor da vida de Fiona para quebrar o feitiço de Rumpel e tudo voltar ao normal. Mesmo assim, houve um novo “up” para a franquia. Algumas cenas memoráveis, como o encanto do Flautista de Hamelin, a relação do Burro e do Gato em um momento bem específico, e as referências do Gato (um enorme gato, aliás) a flamenco, são absolutamente geniais. Ou ainda Rumpel, que em determinado momento coloca uma peruca vermelha que remete aos duende-trolls (quem não lembra o nome, certamente lembra do boneco).

Shrek Para Sempre é um filme mediano que fala basicamente das mesmas coisas de uma outra maneira, mas é também uma bonita homenagem à série e ao consagrado personagem. O revival funciona. Sentimos uma imensa nostalgia ao relembrar que fizemos parte da “revolução animada” e o filme marca por ser um mais do mesmo daqueles gostosos de se ver. Para rir do começo ao fim.

Se o próximo longa da franquia vai ser bom ou não, é melhor não esperar. O que importa é que Shrek reconquistou seu público, e provou que o verdão tem profundidade para ser bom e mau, para divertir ou entediar. E isso que faz dele tão…humano.

Tìtulo Original: Shrek Forever After
Direção: Mike Mitchell
Gênero: Animação
Ano de Lançamento (EUA): 2010
Roteiro: Josh Klausner e Darren Lemke
Trilha Sonora: Harry Gregson-Williams
Fotografia: Yong Duk Jhun
Tempo de Duração: 93 minutos
Com: Mike Meyers (Shrek), Cameron Diaz (Fiona), Eddie Murphy (Burro), Antonio Banderas (Gato de Botas), Walt Dhorm (Rumpelstiltiskin), Julie Andrews (Rainha Lilian), John Cleese (Rei Harold), Jon Hamm (Brogan), Craig Robinson (Cookie), Larry King (Doris), Aron Warner (Lobo Mau), Mike Mitchelle (Butter Pants) e Conrad Vernon (Gingy).